Estamos no PÓS-MÉTODO - e agora??

Duolingo, neurolinguística, "aprenda como uma criança", "fale com um nativo"... Do método à autonomia: o que Kumaravadivelu tem a nos ensinar sobre aprender alemão hoje!

COMO APRENDER UM IDIOMAMETODOLOGIAS DE ENSINO

Caro (Carolina Pedroso)

8/17/20252 min read

Quantos métodos e promessas diferentes cabem na sua timeline?

A verdade é que, nas últimas décadas, a discussão sobre ensino de línguas passou por uma grande virada — silenciosa para o grande público, mas fundamental para quem realmente estuda o processo de aprender.

O que é a condição pós-método?

O termo foi desenvolvido pelo professor e pesquisador B. Kumaravadivelu, um dos maiores nomes da área, no livro Understanding Language Teaching: From Method to Postmethod (2006).

Segundo ele:

"The postmethod condition is a state of affairs that seeks to transcend the limitations of method by taking into account the specific needs, wants, and situations of teachers and learners."
— B. Kumaravadivelu, p. 171

Ou seja: não existe mais um método ideal. O que existe é o reconhecimento de que nenhum método pronto vai funcionar igualmente para todas as realidades, professores e alunos.

E o que isso muda na prática? Tudo!

Na condição pós-método, o professor não é mais um “executor de técnicas”. Ele se torna um tomador de decisões pedagógicas, alguém que pensa estrategicamente sobre:

  • Quem é o aluno?

  • Qual o objetivo?

  • Em que fase ele está?

  • Qual abordagem faz sentido agora?

Isso exige um novo perfil de professor — mais crítico, mais autônomo e mais responsável pelas escolhas que faz. E, como consequência, traz um novo tipo de ensino: menos mecânico e mais conectado com o real.

Como isso aparece no ensino de alemão?

Se você já tentou estudar alemão por vários caminhos e ainda sente que está travada, talvez não seja falta de disciplina. Talvez você só esteja tentando seguir métodos que não conversam com a sua fase, com seu contexto ou com seus objetivos.

  • Nem todo iniciante precisa de gramática logo de cara.

  • Nem toda exposição à língua é produtiva.

  • Ficar horas martelando um conteúdo pode prejudicar o seu aprendizado!

  • E nem todo conteúdo que você consome (input) vira produção e comunicação (output), principalmente se a estrutura estiver desorganizada e se você estiver estudando de um jeito que não funciona para você.

Todo curso vai prometer fluência, comunicação, e outras tantas coisas — mas será que prometer é o suficiente?

A proposta do pós-método é muito clara nesse sentido:

1) Não existe um único método para ensinar e aprender línguas.

2) TODOS os métodos podem falhar, porque cada pessoa aprende de uma forma diferente e o primeiro cuidado que um curso deveria ter, é em olhar para o aluno e acolher suas habilidades e dificuldades.

3) Hoje falamos em COMBINAR métodos e estratégias de aprendizagem.

Pra onde estamos indo, então?

Se o ensino de línguas já teve sua era da rigidez (gramática + tradução), e depois passou pela era da ilusão (aprenda dormindo, imersão mágica...), agora estamos entrando numa era mais honesta:

A era da responsabilidade pedagógica.
Onde o professor tem autonomia — e o aluno, clareza.
O professor mostra o caminho e está ali como guia, mas quem cria a sua própria jornada é o aluno!

Afinal, como professora, eu posso dar todas as ferramentas e conhecimentos. Só que só o aluno pode ser responsável pela forma que se comunica (o que faz com as ferramentas e conhecimentos oferecidos).

Kumaravadivelu chamou isso de pós-método.
Eu chamo de aprendizagem com consciência.

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